O truque para se manter empenhado em atingir os seus objectivos
No início de cada ano milhões de pessoas em todo o mundo se comprometem na busca de objectivos virtuosos, como perder peso, tornar-se num chefe ou parceiro mais compreensivo, obter uma educação melhor, comer mais saudavelmente ou poupar dinheiro. Mas quando é que estas reflecções são realmente eficazes? E será que estas resoluções se mantêm e se transformam em verdadeiras mudanças?
Vamos examinar cada uma destas duas perguntas. Na verdade, marcos temporais, como o Ano Novo ou o início do ano lectivo ajudam a motivar-nos para alcançar os nossos objectivos de longo prazo se estes estiverem realmente presentes nas nossas mentes. Isto ocorre porque esses marcos provocam reflexão e, portanto, podem eventualemnte destacar a diferença entre o nosso comportamento actual (como ver televisão toda noite ou fazer gastos excessivos) e o nosso comportamento desejado, mais optimista (trabalhar todas as noites ou poupar mais). Todos nós enfrentamos regularmente decisões que implicam um conflito entre as escolhas que proporcionam gratificação instantânea versus benefícios a longo prazo (ver televisão versus trabalhar). Como as evidências sugerem, muitas vezes escolhemos o que queremos impulsivamente sobre o que devemos escolher dados nossos objectivos e interesses de longo prazo.
O contraste entre as nossas falhas actuais e o estado ideal não só aumenta a motivação, mas também nos ajuda a alcançar os nossos objectivos. Por exemplo, a pesquisa mostra que quando as pessoas que pretendem deixar de fumar escrevem, em primeiro lugar, sobre seu futuro pessoal desejado e, em seguida, sobre os aspectos negativos da sua realidade actual, esse contraste torna-se mais eficaz em modificar as suas acções por forma ir ao encontro com as suas expectativas do que se apenas estivesse fantasiando sobre o sucesso futuro. Da mesma forma, pesquisas relacionadas mostraram que indivíduos que estavam comprometidos com o objectivo de apoiar uma instituição de caridade deram mais dinheiro ao conhecer a discrepância entre o estado actual (o valor já recolhido) e a meta que era necessário atingir, do que se tivessem apenas sabido da quantidade de dinheiro já recolhido.
Parece que, se as nossas reflexões destacarem o contraste entre um estado futuro desejado e a realidade presente, melhor nos motivam a agir de encontro aos nossos objectivos. Embora possamos induzir tais contrastes entre as metas actuais e futuras, em muitos aspectos (como obter feedback dos amigos de confiança e conselheiros), ter um marco temporal, tal como o início de um novo ano, pode ser uma maneira relativamente barata e fácil para nos motivar a realizar os nossos objectivos. É importante ressalvar, no entanto, que se já nos sentirmos perto do nosso estado ideal, então o resultado será a complacência: vamos-nos congratular pelas nossas conquistas em vez de agir.
Agora, vamos voltar à segunda questão – se as resoluções do nosso Ano Novo se vão realmente manter. Como é o caso de outros pontos da agenda que demarcam a passagem do tempo, como o aniversário de um amigo ou o início de um novo emprego, a chegada do Ano Novo gera sentimentos de “novo começo” que podem nos motiva para atingir os nossos objectivos, como fazer exercício regularmente ou começar a nossa dieta. Psicologicamente, o Ano Novo dá-nos uma oportunidade de “limpar a casa”, e esses sentimentos inspiram um comportamento benéfico.
Nós certamente não precisamos de esperar até o início do ano para sair do sofá com mais frequência. O início de um mês, o seu aniversário, ou o início do trabalho depois das férias pode ser igualmente motivador.
Assim, para responder à segunda pergunta: sim, as nossas resoluções podem-se manter, mas o nosso nível de compromisso para com elas pode variar ao longo do tempo, por isso devemos encontrar formas regulares de experimentar um novo começo.
Muitas religiões têm rituais que dão às pessoas a oportunidade de começar de novo. No judaísmo, no início de cada Ano Novo, as pessoas refletem sobre suas más acções durante o ano que passou e pedem perdão, para que possam entrar no Ano Novo limpos. Da mesma forma, os hindus devotos banham-se em rios sagrados da Índia todos os anos para lavar os seus pecados e livrar-se das suas imperfeições passadas. Igualmente, os católicos usam a confissão para limpar os seus pecados e recomeçar de novo. Se as nossas reflexões são de natureza religiosa ou não, a sua capacidade de destacar uma desconexão entre o nosso comportamento passado e um futuro melhor pode valer a pena. No entanto, mesmo sem a presença de tais rituais, a próxima transição para um novo ano civil pode provocar a mesma sensação de dissociação com o passado e mover-nos para mais perto do nossos objectivos.
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